quarta-feira, 17 de junho de 2009

O mal é o bem ou o bem é o mal?

O bem está virando um luxo e o mal é uma necessidade social. Sem participar do mal, não conseguimos viver. Como ser feliz olhando as crianças famintas? Temos de fechar os olhos. A felicidade é uma virtude excludente. “Sou feliz, se conseguir manter os olhos fechados.”
Ser feliz é não ver. O mal está virando um mecanismo de defesa. Quem é o mal: o assaltante faminto ou o assaltado rico? Ou nenhum dos dois? É o neoliberalismo? Quem é o planejador do mal? O Japão vai parar de produzir robôs, para empregar a mão-de-obra faminta de Ruanda? Quem controla o mal? Osama? Bush? Ou eles são objetos de um “mal” histórico-concreto inevitável? O mal não estará entranhado na matéria profunda do mundo? Como praticar o bem? Apenas se horrorizando com o mal? Não vale ficar “tristinho”, nem lançar apelos à razão ou à caridade.. Eu fiz tudo para ser um homem de bem. Serei um canalha? Todos se acusam mutuamente. Todos querem ser o bem. O Mal é sempre o outro. Nunca somos nós. Ninguém diz, de fronte alta: “Eu sou o mal!” Durante a ditadura, todos éramos o bem. O mal eram os milicos. Acabou a dita e as “vitimas” (dela) pilharam o Estado. O que é o bem hoje? É lamentar tristemente uma impotência, é um negror melancólico, é um elogio da morte? Ou o bem é ser pragmático, frio? É uma identificação mecânica com os pobres ou um desejo "protestante" de melhorar na vida?Todo pensamento aspira à totalidade. O bem é um desejo de harmonia, de Uno, de totalidade ou o bem é suportar heroicamente o múltiplo, o incontrolável, a impotência "democrática"? O bem hoje é aceitar os limites do possível histórico, é tentar trabalhar dentro do mundo real ou persistir em utopias ridículas, apenas pelo prazer de se sentir acima da insânia da vida?
Pensamos com o corpo, queremos que o mundo seja um “todo harmônico”, como o nosso organismo. A idéia de “fragmentário” gera angustia porque lembra a morte.
Hoje, com a queda das utopias, a razão tenta se adaptar ao absurdo pós moderno. Mas o problema é que não conseguimos pensar sem desejar alguma totalidade. Assim, a aceitação do fragmentário se re-erige em nova totalidade e começa tudo de novo.
O problema hoje é que até o homem-bomba é o bem. O mal dos terroristas consiste em injetar o arcaico no moderno, eles, os ‘bárbaros tecnizados’.
Ao denunciar o Mal, vivemos dele. Eu ganho a vida denunciando o que acho o "mal".
Para a razão digital, o mal no mundo atual é o “incompreensível”. E só o Mal pode dar conta do mal. O bem tem de conhecer o mal e se travestir de mal para combatê-lo.
No Brasil, o mal, o grande Mal, não tem importância. O perigo aqui é o pequeno mal, enquistado nos estamentos, nos aparelhos sutis do estado, nos seculares dogmas jurídicos, nos crimes que são lei. O mal aqui está nos pequenos psicopatas que, quietinhos, nos roem a vida. Aqui o grande canalha serve para camuflar os pequenos (que são os grandes) canalhas. O mal do Brasil não está na infinita crueldade dos torturadores ou das elites sangrentas; está mais na sua cordialidade. O mal nos engana, no Brasil. Aqui, o perigo é o Bem.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Quebra de expectativa?

Há, pessoas que defendem a ideia de que quando nós chegamos na família já temos um papel pré-destinado a nós.Se o papel de “certinho” já estiver ocupado, ganhamos o de ovelha negra, e assim sucessivamente. Às vezes penso nisso e gostaria de acreditar nessa ideia.Sabe quando você cresce ouvindo frases definitivas? E um dia você percebe que aquilo não é de fato uma realidade?!Tipo a mãe fala: -Ele não gosta de cebola!!! Ai você passa uma boa parte da sua vida longe daquilo e um dia você prova e descobre que gosta muito de cebola!Talvez sejamos moldados mesmo na nossa infância e em boa parte da nossa juventude.Sim, mas e depois? O que vamos fazer com essas informações erradas?Ganhei o meu papel, e venho tentando mudá-lo, sempre para melhor.E por incrível que pareça já evolui bastante nesse sentido.Não é nada fácil acredite, quando você muda sua estrutura, muda conseqüentemente a de todos a sua volta. Todos vão querer que você fique lá quietinho no seu lugar de sempre, até morrer.Nunca deixe isso acontecer!! Tente sempre mudar o seu padrão de comportamento para melhor, tente não repetir atitudes pelas quais você já sabe onde vai dar!Ou seja, não seja previsível.Devolva esse “papel” ou até mesmo esse personagem que você não quer mais representar!Pois a única coisa que é eterna é a mudança!