sexta-feira, 14 de maio de 2010

Alice,


Um pouco atrasado, eu sei, porém achei legal que deveria comentar sobre o mais novo filme do diretor Tim Burton.Apesar de nunca ter lido o livro na infância, só ter conferido, agora recentemente, com a chegada do filme, sempre soube mais ou menos como seria a história.No entanto, acredito que esta história tenha mais indagações e filosofia que uma criança ou pré-adolescente espere de um "conto de fadas", e a partir disso, acredito que assim como outras obras - "O Pequeno Príncipe", por exemplo - tornem-se clássicos.Fazendo com que essas obras "envelheçam" e "amadureçam" com o tempo, perante nós.


Algumas coisas no livro nos chamam a atenção, como por exemplo a curiosidade que é quase sempre inerente aos jovens - ou não só ele...- porém, muitas vezes, nem sempre acabam bem;Temos o coelho, que acredito retratar a tendência de nós seres humano querermos fazer sempre mais coisas em menos tempo...E algumas vezes termos medo de superiores no trabalho!Já a Dama de Copas, retratando, uma crítica à monarquia, sendo assim o rei mais frouxo que a rainha;Temos também o chapeleiro louco conjunto de sua lebre de março, em seu eterno chá, querendo dizer as eternas voltas que damos na vida sem chegar a lugar algum...Já os naipes, fazendo com que nos lembremos que cada um tem não só sua função, como seu lugar no mundo.Embora, o que mais saliento, são os questionamentos sobre o ser e o estar, uma diferença no que se sente e o que os outros veem de você...E não só, como outras perguntas, as quais têm várias respostas, mas que nenhuma responda perfeitamente...


Como já tinha mencionado aqui anteriormente, sobre as adaptações de livros a filmes, que muitas vezes não são tão felizes - no entanto, é possível sim, ter adaptações boas de livros, como a recente adaptação do livro "Agente 67" e o seu respectivo filme "A Ilha do Medo", com Dicaprio, entre outros.Fazer uma adaptação de um livro clássico durante a história requer muita coragem e é nesse ponto que devemos vangloriar Burton.Sobre o filme, se mais uma vez você deseja encontrar uma cópia fiel ao livro...não irá achar!E é melhor deixar essa ideia para lá, aceitando o desafio que Tim Burton nos propõem.Acredite, você não irá se arrepender!Temos a rainha vermelha, com uma cabeça tão grande, fazendo de si uma figura tão bizarra, que quando sua cena acaba, queremos que ela volte logo.Já o Chapeleiro, que, talvez, tenha aparecido de mais...O pontos altos são as pequenas interferências da Lagarta Azul e o Gato Inglês, que me animavam enquanto a história teimava em fazer sentido...


Quando afirmo "teimava em fazer sentido" acredito que quem leu o livro irá concordar comigo, que o desenrolar da obra de Lewis acontece sem nenhuma relação lógica entre elas, quase como funciona a imaginação de uma criança.O filme transforma o livro também numa batalha maquiavélica - entre o bem e o mal - coisa que não acontece no livro, como por exemplo, no livro a rainha manda que cortem a cabeça de vários, porém ninguém a obedece...Mas talvez o filme tenha que se transformar um hollywoodiano...É... não há como não admitir que tenha ficado um pouco decepcionado com a adaptação, talvez por ter lido recentemente o livro, não sei.Mas, depois de um certo tempo após o filme, acredito que uma interpretação fiel do livro daria, hum, talvez um filme bem menos interessante...Já que algumas passagens do livro funcionam tão bem no papel, de forma que é riquíssimo para a imaginação de quem lê e que não renderia um filme atraente para o grande público.Afinal de contas, o cinema, com sua abundância visual, deixa muito pouco para a fantasia...


A "Alice" de Tim Burton é sim uma criação incrível visual a qual recomendo sem hesitar.Mas para viver toda a imaginação dos personagens de Carroll, ainda prefiro ficar com o livro na minha cabeceira...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Cine PE

Aconteceu em Recife do dia 26 de abril até 2 de maio.Não poderia deixar de comentar sobre este festival tão importante não só para Pernambuco como para todo o Brasil.Sendo está a primeira vez pela qual tive a oportunidade de ir para um festival de cinema como este, não me arrependo nem um pouco e indico a você que se tiver a oportunidade, nos próximos vá!

Acho este festival importante por ser um único lugar onde nós - telespectadores - podemos ter acesso a curtas, uma vez que é proibido por lei a exibição de tal nos cinemas brasileiros.Mas por que mesmo isso acontece?Não só a curtas, como a cultura produzida por nós mesmo pernambucanos e brasileiros que muitas vezes não temos acesso.Digamos que só aqui em recife temos, atualmente, uma média de 70 curtas sendo produzidos por ano e eu me pergunto a quantos nós temos acesso?E o cinepe é o festival de cinema que tem o maior público de todo país, mais um orgulho para Pernambuco.

Não fui a todos os dias do cinepe, mas pude acompanhar do dia 28 de abril ao dia 1.Primeiro gostaria de falar sobre os longas que conferi neste festival. Sendo eles:

"Não se pode viver sem amor" - ,de Jorge Durán diretor Chileno ao qual não conhecia e também diretor de outros filmes como "A cor de Seu Destino" de 1986 e "Proibido Proibir" de 2006.O filme é basicamente formado por três núcleos, temos de um lado uma mãe que vai até a capital carioca na tentativa de apresentar o filho ao pai, por outro um professor universitário que decide se mudar para a Suíça.Temos também um jovem advogado atuado por Cauã Reymond, enfrentando a falta de dinheiro.Os três caminhos formados por decepções, aprovações éticas e amorosas.Entretanto, nem mesmo com uma plateia que é capaz de aplaudir a qualquer besteira, ao final do filme foi capaz não só de aplaudir sem vigor, como rir em cenas que deveriam proporcionar o ápice de tensão.Sendo assim, um roteiro não muito bom, se desenrola a lá novela das sete, mas o problema vem mesmo quando a histórias se cruzam, entre elas até cena de ressurreição acontece.Enfim, para uma primeira vez de contato com esse diretor, não foi muito feliz...

"Leo e Bia" - veja o trailer aqui -de Oswaldo Montenegro, baseado em sua música.Não só é o seu primeiro filme, como foi bancado por ele.Tem como atriz principal Paloma Duarte, que dá um espetáculo em sua atuação e acabou ganhando melhor atriz por merecimento.Foi um filme simples e bem executado, com uma fotografia muito boa, excelente de ser visto.Ganhou também na categoria de melhor trilha sonora, também de meu acordo.Acho que vale a pena ser visto, recomendo!

"Quincas Berro d'água"- veja o trailer aqui - de Sérgio Machado, que também não conhecia seu trabalho, tem dois outros filmes que não conferi chamados "Cidade Baixa" e "Onde a Terra acaba".Filme baseado na obra, talvez a mais conhecida, de Jorge Amado.No filme representa a vida boêmia de Quincas e conta a sua vida após a morte, vários momentos de amizade e alegria são retratados de uma forma ímpar.Mostra a Bahia do candomblé e seus orixás muito bem retratada e colorida.Temos em paralelo a vida de sua filha que após sair de casa decide por tirar seu pai por completo de sua vida.Mas com a morte do pai, a verdade vem a tona.Tudo isso faz com que a familia possa refletir e ver o que existe de bom na boêmia, aprendendo assim, com os passos de Quincas.É um filme muito engraçado que mostra que a vida pode ser alegre, mesmo após a morte.Um filme muito bom!E ao contrário de Jorge Durán, me deu vontade de assistir seus outros filmes!

"Sequestro" -veja o trailer aqui - de Wolney Atalla, um documentário excelente visando o trabalho da equipe anti-sequestro de São Paulo.Mostrando casos surpreendentes, alguns feliz e outros nem tanto.Tendo a visão do sequestrador, do sequestrado e sua familia e da equipe anti-sequestro.Casos como o de um senhor de certa idade, que tinha várias doenças como diabetes, pressão alta, entre outras e que tomava "apenas" quinze remédios por dia conseguiu sobreviver.Outro de uma criança de apenas seis anos, que também teve um final feliz.Enfim, tenta mostra para nós, que não fomos sequestrados, a sensação de como o é.Recomendo!

"As Melhores Coisas do Mundo" - veja o trailer aqui - de Laís Bodanzky.Ela uma diretora fantástica e uma das coisas que mais gosto dela é o simples fato de que foge ao velho clichê temático brasileiro, sempre sobre o árido nordeste ou a violência e miséria que vêm das periferias.Uma diretora já conhecida pelo cinepe e de dois outros filmes "O Bicho de sete Cabeças" e "Chega de Saudade", que já estou muito curioso para assistir.Em seu terceiro longa-metragem coloca em voga a classe média de adolescentes.Apesar da trama se passar em um colégio paulistano, a trama poderia se passar em qualquer cidade, como Rio, Nova Iorque, pois sofreria poucas modificações, já que fala de pessoas e não de situações.

O personagem princiapal é o Mano por Francisco Miquez, um adolescente de apenas 15 anos que enfrenta todos os problemas de sua idade, cobrança de amigos sobre virgindade, uma paixão não correspondida, um lugar na sociedade e como um bônus seus pais ainda se separam.Não só grandes nomes como Denise Fraga, Zé Carlos Machado e Paulo Vilhena estão presentes no filmes, com um monte de atores novos, sem experiências anteriores, assim como o tão comentado Fiuk.Um filme excelente e que levou vários prêmios, todos de total merecimento.Mas a boa notícia é que "As Melhores Coisas do Mundo" vem não só para ajudar a esclarecer dúvidas de jovens de 15 anos, de pais e ,principalmente, mostrar que o cinema brasileiro não se resume a fome e miséria!

Assisti a ótimos Curtas e a outros não tão bons assim.Sendo eles de praticamente todo o Brasil, SP, RJ, PE,BA, RS, PA, CE, dentre outros.Dos que conferi, tem "O médico Rural", pernambucano e do qual não foi um dos melhores a meu ver..."Do Morro?", um documentário que foi muito comentário, falando do cantor João do Morro, que tinha como raíz uma entrevista ao próprio e divididas opiniões a seu respeito, tinha quem fizesse divagações filosóficas de suas músicas a quem criticasse ao máximo em relação a sua polêmica música "Papa Frango".Outro também que teve muita reação da plateia foi "Faço de mim o que quero" outro documentário fazendo alusão ao brega, de forma muito engraçada e original.Teve também aqueles que não fizeram nenhuma sentido pra mim como "O plano do cachorro".Já os melhores para mim foi "Sweet Karolynne" que apesar de ter um titulo como esse é um curta que tem como atriz principal uma criança que pede para sua mãe comprar um "pintinho" na feira e depois o nomeia de Jarbas!A gente acompanha todos os passos de Jarbas até mesmo quando ele está servido na mesa!Tendo uma viés crítico por trás de forma muito sutil e genial, excelente.Pelos que vi, para mim de melhor curta foi "Azul" que foi simples e poético, de fotografia magnífica, embora não tenha ganhado o melhor curta...

Enfim, acredito que me prolonguei o bastantes e caso você tenha chegado até aqui e queria saber mais sobre o festival, clique aqui, para conferir o site do cinepe.No mais é isso, vamos que vamos com a esperança de que curtas serão mais vistos e mais festivais assim como esse sejam realizados...